
Compra da Amil deve prejudicar a concorrência do setor
A compra de mais de R$ 612 milhões da Medial pela Amil não tem agradado o mercado. Embora a aquisição ainda não tenha sido aprovada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o setor da saúde já se mostrou contra a ação.
De acordo com o consultor e economista Pedro Fázio, da Fázio Consultoria, o fato de o grupo passar a ter mais de quatro milhões de vidas é preocupante em relação à concorrência, que, consequentemente, terá que se dedicar a criar novos serviços, com maior eficiência. "É um lado que precisa ser bem cuidado, afinal estamos sendo bombardeados com informações societárias", afirma.
Há cerca de um ano o Brasil perdeu quase 1,5 mil operadoras de planos de saúde, devido a exigência de garantia de reservas e solvência num negócio onde se tem uma taxa de resultado pequena. "Você precisa de massa e agregar cada vez mais vidas e só no crescimento vegetativo isso não tem se mostrado eficiente, então as empresas estão viabilizando seus resultados através da aquisição de outras empresas."
Aquisição que vinha sendo questionada e negada pelas empresas há mais de um ano. Mas negar, segundo Fázio, é a melhor maneira já que ações como está não podem ser resolvidas em poucos meses e requerem investimento significativo.
A saúde suplementar é considerada um mercado altamente concentrado, com cerca de 40 operadoras de saúde com 50% do marketing share e vários focos. No caso Amil, o grupo opera com redes próprias de serviço e, ainda assim, os seus prestadores se sentem acuados, tendo alguns deles, como efeito, seu rendimento achatado. "Os primeiros resultados são sempre sentidos internamente, eles não soam sobre os consumidores", explica.
Por outro lado, o consultor considera uma alternativa saudável da Medial, uma vez que a companhia vinha informando para o mercado o acumulo de seguidos prejuízos.
O presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Eduardo de Oliveira, também aposta que a compra da Medial pela Amil traz resultados negativos para o setor, em especial o hospitalar.
O executivo considera a ação um exemplo de verticalização que ocorre em saúde, mas com um agravante: a monopolização do setor. "Aquela pluralidade de mercado que se deseja vai ficando concentrada nas mãos de poucos, há um indicador de que isso não seria bom, no caso dos hospitais eles passam a ter um cliente a menos", argumenta Oliveira ao comentar que cerca de 70% dos usuários estarão sob o comando de apenas três ou quatro operadoras.
Além da redução de serviços, a somatória das duas empresas deve resultar na demissão de funcionários, segundo o presidente da FBH. "Esse é um tipo de fusão que merece passar pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico para saber a avaliação do mercado", avalia.
Os dois executivos acreditam que não há motivos para a ANS barrar a compra milionária da Amil. "O poder da agência está concentrado na avaliação da continuidade da viabilidade desse negócio e certamente a Amil tem condições de assumir a Medial. Não vejo por onde a ANS poderia se pautar", analisa Fázio.
Oliveira concorda: "Não tem uma fórmula mágica e a própria agência teria dificuldade de negar essa aquisição", conclui.
A ANS não se pronunciou até o fechamento da matéria.
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